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Bianca Jhordão
leela@terra.com.br
coluna 05

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Essa coluna está sendo escrita ao som de Leela: "um romance fugitivo é o que há, e eu preciso. Um Romance Fugitivo é o que há, e eu quero...". Hoje é segunda feira de Carnaval e estamos num estúdio na Barra gravando algumas músicas, uma espécie de pré-produção do nosso disco. O melhor de tudo é que estou completamente off carnaval. Não gosto de Carnaval, nunca gostei. E o pior, tenho trauma de bailes de carnaval.
Me lembro que era pequena e não queria ir ao "baile de carnaval" com minhas amiguinhas porque achava o maior mico se fantasiar e ficar dançando uma música alegre com um bando de
estranhos. Mas tudo bem, fui lá e me vi no meio do salão de um clube em Itaipava no meio de um monte de estranhos e uma banda tocando em
cima do palco. A banda tocava marchinhas de carnaval com os instrumentos de sopro fazendo as melodias para o público ficar cantando.
Marchinas clássicas, aquelas que todo mundo já nasce cantando.... Então, voltando a cena, estava lá eu: superemburrada, fantasiada de bruxa e no meio do salão com um bando de estranhos cantando essas marchinhas na maior felicidade e a banda em cima do palco tocando na maior empolgação. Começei a me sentir muito mal,
estava achando aquilo tudo muito fake, as fantasias, as pessoas e principalmente os instrumentos de sopro me dando dor de cabeça. Até hoje não posso ouvir bandas e músicas que tenham sopro que não consigo curtir de jeito nenhum. Esse é o meu trauma. Pode ser que
um dia eu o supere, mas até hoje nenhuma banda/música me fez pensar o contrário. E desde então começei a me desconectar totalmente da
existência dessa festa. Ainda bem. O ápice foi quando tive que passar um carnaval em Salvador!!

O Polux, minha antiga banda, foi chamado pra tocar no festival Palco do Rock, que rola todo ano em Salvador durante o Carnaval. Eu fui pra lá, com o maior medo de encontrar o tal do Carnaval de Salvador, mas pra minha felicidade, esse evento era numa praia bem longe da confusão, bem longe do que todos pensam sobre passar um carnaval em Salvador. Mas teve um dia que estávamos com uma galera e eles queria ir para a Barra ou Ondina,
não sei, só sei que era no lugar da loucura. Resolvi ir para não ficar anti-social mas fiquei rezando o caminho todo para que alguma coisa acontecesse para a gente ir embora daquele caos.
Paramos o carro muito longe e fomos andando
uns 20 minutos, até o local da festa. No caminho, muita gente bêbada, muito roubo e muita gente estranha. Um clima muito pesado, nada alegre,
pra mim pelo menos. Quando estávamos quase chegando, um milagre:
começou a chover muito, mas muito mesmo. Ficamos numa marquise esperando a tempestade passar e resolvemos que o melhor programa era voltar mesmo pra casa, yes!! Adorei.
Esse ano nem senti a presença do Carnaval, nem mesmo aquela sensação de férias escolares, porque já me formei no ano passado. Pra mim essas "férias" carnavalescas só prejudicam, só deixam o país se atrasar mais.
Ou seja, praticamente começamos o ano agora, em março! Então feliz 2002 pra todos!