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Banda: UNFASHION
Data da entrevista: outubro 2001
Entrevistador: Raphael Rodrigues (Alternative Noise)
Entrevistado: David - vocal
Cidade/Estado: Belo Horizonte/MG

1)Quem é quem na banda e o que cada um toca?
R: Eu (David): vocais, Fábio: vocais e guitarra, Debarry: baixo, Guilherme: guitarra e PH: bateria

2)Como surgiu o nome Unfashion?
R: DAVID: O nome da banda se baseou num simples trocadilho: como o "metal adidas" é o som da moda para muitas pessoas, botamos o nome na banda de Unfashion, ou seja, um simples trocadilho irônico. Nunca pregamos nenhum discurso anti-moda. Acho pura perda de tempo. Ridículo uma pessoa que diz "não vou escutar essa banda porque o que ela faz é moda". Bom, em se tratando de som, será que existe algo 100% original? Que cada um faça à sua moda, sendo moda ou não.

3)Quais são as influências da banda?
R: Tentamos ir além do new metal, aliás, não concordo com esse rótulo. Se você for olhar, bandas como Prong, Helmet e White Zombie também são "new metal". As influências principais são estas bandas e também as bandas mais novas, como Deftones, Hed (pe), Snapcase. Além do som, a atitude a as letras do Refused são uma grande inspiração.

4)Se eu abrir seu cd player agora, qual cd(s) vou encontrar?
R: "The Shap of Punk to Come", do REFUSED, "White Poney", do DEFTONES e "Make Yourself" do INCUBUS e muita coisa de Hard Core, como H2O, Avail, The Get Up Kids, etc.

5)O que realmente aconteceu entre vocês e a Motor Music? Como apareceu o lance com a UPRISING RECORDS ?
R: DAVID: Nossa, você não imagina quantas vezes eu já respondi essa pergunta! O que ocorreu foi mais uma divergência ideológica, não uma briga. As pessoas acham que brigamos, que discutimos, mas não houve isso. O trabalho estava sendo feito de uma maneira que não concordávamos, não estava dando certo, víamos as coisas de uma maneira e a Motor de outra, então, demos uma satisfação e decidimos fazer o trabalho nós mesmos, ou seja, lançar o álbum por nossa conta, quando a Uprising apareceu: a oportunidade surgiu através de um grande amigo nosso que nos ajuda a algum tempo. Ele mantém contato com o pessoal da Uprising nos EUA e eles estavam querendo dar uma renovada no selo. Então, quando saímos da Motor, ele mostrou material nosso a eles, que ficaram interessados e rolou um contrato para um álbum, que será lançado agora em junho e um EP para o ano que vem. Nos EUA o álbum será distribuído pela Lumberjack, que faz a distribuição da Uprising. E aqui, será distribuído por distribuidoras independentes e pela Uprising Sudamerica. Estamos trabalhando muito e fechando parcerias com distribuidoras, lojas e outros selos para que o álbum chegue a todos os cantos.

6)Fale um pouco sobre o cd "Emotional Kids Play Alone".
R: Emotional Kids Play Alone expressa o quanto as pessoas são egoístas e concorrentes, só estão preocupadas consigo mesmas. Mas só que as pessoas que mais são distantes ou que dizem não precisar das outras, geralmente são as mais dependentes e estão sempre vivendo na sombra de alguém. Musicalmente falando, nossa principal meta é fazer com que o álbum chegue a todas as pessoas que gostam da banda e também tocar muito, o máximo possível: a melhor maneira de promover um álbum é fazendo um bom show, mostrar que a banda funciona bem ao vivo, isto conta muito. A gravação está com uma ótima qualidade, as músicas antigas estão com novos arranjos, é um trabalho sincero e estamos apostando no retorno dele.

7)Como rolou o lance de vocês com a PIMP ROCK PALACE? Eles entraram em contato ou vocês mandaram material? De qualquer forma é uma ótima divulgação já que é um dos sites mais conceituados de new metal na atualidade.
R: Em 99, quando lançamos nossa 1a DT, eles (mais precisamente o Pedro, um cara a quem devemos muito e que sempre nos ajudou) entraram em contato e solicitaram uma entrevista. Pouco tempo depois fomos eleitos banda do mês. Só que o site ainda não era o gigante que é hoje. O PRP é um site foda que respeitamos muito e mesmo grande, o espaço para as bandas menores continua.

8)De todos os shows que vocês já fizeram, qual foi o mais marcante? Por quê?
R: O nosso 1O show, com o Profana, foi muito foda. Nunca vou esquecer, porque as pessoas que estavam ali não esperavam nada de nós. A abertura para o Lag Wagon também foi bem legal.

9)Olhando um pouco para o passado, faça uma comparação entre a primeira demo de vocês e as músicas novas para o primeiro cd.
R: No começo da banda e em seguida durante as gravações da DT éramos muito ligados em bandas como Korn e Limp Bizkit. Então, as músicas da DT acabaram refletindo isso. O que ocorreu foi uma evolução natural da banda e passamos a nos identificar mais com outros estilos, como o Hardcore e música alternativa. Acho que as músicas do álbum refletem essa evolução. A gente quis fugir um pouco do "new metal" e trazer uma pegada hardcore para banda.

10)Os fãs conservadores de heavy metal e mídia em geral costumam dizer que o new metal não tem futuro, é uma "moda" passageira, qual a sua opinião sobre isso? Você tem preconceito com algum estilo dentro do rock?
R: Não tenho de maneira alguma preconceito contra estilos dentro do rock por que acredito que há espaço para todos, com certeza. Sobre o New Metal, (já falei um pouco acima minha opinião a respeito desse rótulo) não o vejo como uma CENA consolidada e unida. Surgem muitas bandas, mas daqui a um ano ou dois no máximo, a maioria destas bandas não existirá mais (vide lixos como CRAZY TOWN e LINKIN PARK), pois são bandas que para sobreviver precisam da grande mídia. Não que seja uma moda passageira, mas só sobreviverão as bandas sinceras e de personalidade.

11)Quais são os próximos planos da banda? Clip? Turnê? Shows fora do Brasil?
Quando o álbum sair, vamos fazer um vídeo e tocar muito, onde for possível, para promovê-lo, principalmente fora de Belo Horizonte. A intenção é manter sempre a mesma qualidade do show, onde quer que seja. Já estamos fechando algumas capitais, como São Paulo, Rio, DF, Goiânia, Vitória, ou seja, com certeza faremos uma turnê nacional dentro das nossas possibilidades. Quanto à shows no exterior não há proposta direta, mas o álbum será bem distribuído por lá; se tudo der certo, quem sabe?

12)Como está o underground em BH? Fale um pouco dele.
R: BH não tem bem uma cena, são mais bandas amigas se ajudando. Na maioria das vezes, uma banda produz o show e convida as amigas para tocar. Temos dado sorte, pois os shows recentes aqui foram muito bons. Tocamos com Shelter, Lagwagon, Mudhoney, Fun People, Bambix, tocamos também em SP; aprendemos bastante nestes shows, pegamos uma base e profissionalismo.

13)Qual a sua opinião sobre a MTV? Quais os prós e contras da emissora?
R: Não temos nada contra. Acho válido todo tipo de divulgação e nesse ponto o papel da MTV é importante. Só acho complicado quanto a banda passa a depender somente dela.

14)Deixe um recado para os fãs da banda e para quem ainda não conhece o Unfashion.
R: Muito obrigado a todas as pessoas que tem nos acompanhado, respeitam nosso trabalho e que entendem nossa proposta. Temos muitos amigos e eles estão sempre conosco. Ao Alternative Noise, por ser um zine honesto e sincero, muito obrigado pelo espaço. Às pessoas que não nos conhecem, nos escrevam, vamos conversar, comprem o CD!

Discografia:
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