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Banda: SEVEN I LIE
Data da entrevista: novembro 2002
Entrevistador: Raphael Rodrigues (Alternative Noise)
Entrevistado: Cesinha - baixo
Cidade/Estado: São Paulo

01)Quem é quem na banda e o que cada um toca?
O Full é o vocalista, Markinhos toca guitarra, Marcelo toca bateria e eu, César toco baixo.

02)Sobre o nome da banda, vcs começaram como Treshold e depois mudaram para Seven I Lie, como foi essa transição, pq aconteceu e de onde surgiram esses nomes? Pensaram em outro nome? O que significa exatamente Seven I Lie?
Eu não acompanhei muito bem essa mudança de nomes pois assim que entrei na banda, o nome foi mudado. Fiz somente um show com a banda sob o nome de Treshold. Sobre o nome Seven I lie, a idéia era mexer um pouco com a história do número 7 ser algo sagrado, santificado. Não é nada demais, só encontraram uma forma de juntar o número 7 associado à palavra Lie que em português significa mentira.

03)Fale um pouco sobre as outras bandas que vcs tocam atualmente.
Não temos nos encontrado muito fora dos ensaios e shows que temos feito por isso, não sei exatamente o que cada um tem feito com relação à outras bandas.
Eu sei que o Markinho está tocando também em uma banda de punk rock e que o Full vive montando bandas por ai. Até onde sei, ele ainda canta no Anyone. O Marcelo veio do Slayer cover e acho que não tem nenhuma outra banda. Eu também toco guitarra no Paura (que acabou de lançar um EP chamado The Myth Is Dead) e tenho uma banda projeto chamada Fire Driven com o vocalista do Shed.

04)Deixando a banda de lado por um momento, como está a Highlight Sounds? Fale um pouco sobre ela e deixe contato para os interessados!o que os outros integrantes da banda fazem no dia a dia, trabalham, estudam...
A HIGHLIGHT SOUNDS vem crescendo a cada dia e o mais importante é que tudo vem acontecendo naturalmente, sem maiores pretensões. Temos orgulho de cada banda lançada pelo selo (sabemos que nem todas agradam à todo mundo) e temos tentado fazer um trabalho bom de divulgação para todos os Cds e bandas com quem trabalhamos.
Infelizmente, ainda temos um grande obstáculo a ser superado que é o fator distribuição mas temos trabalhado para vencer este problema típico de bandas e selos independentes.
O contato do selo é o site www.highlightsounds.com

Todos na banda trabalham e alguns também estudam. Nosso dia a dia pode ser comparado ao de qualquer pessoa normal. Temos a banda como um hobbie e gostamos muito disso. Já sabemos que dificilmente ganharemos dinheiro com ela e a fama não nos interessa então, nosso maior prazer é poder tocar em qualquer lugar com um bom equipamento e ver as pessoas se divertindo com nossas músicas tanto nos shows quanto nos Cds.

05)Como vcs se conheceram? Como foi o começo da banda, primeiros shows? A filosofia da banda continua a mesma desde o inicio?
Eu conheço o Markinho desde 94, quando ele ainda tocava guitarra numa antiga banda chamada Hatred. Acabei ficando amigo dele depois que ele entrou no No Violence e depois de um tempo, começou a tocar com o Sight For Sore Eyes. O Full eu conhecia dos ensaios do Dance of Days no Rocha por volta de 97. O Marcelo eu o conheci pelo icq e o convidei pra tocar na banda pois nosso baterista teve que sair da banda.
Os primeiros shows da banda foram um pouco mornos devido ao fato de ninguém conhecer a banda. Isso foi no ano de 2002. Com o tempo, deu pra perceber que as pessoas foram se familiarizando com o som da banda. Sinceramente nào sei se existe uma filosofia dentro desta banda mas creio que se houver, tem a ver com o fato de encorajar as pessoas a serem e pensarem por si próprias.

06)Se eu abrir seu cd player agora, quais cds irei encontrar? Faça um comentário sobre eles.
Você vai encontrar o Millencolin - Home From Home que eu achei muito bom, mais rock e menos pop punkinho! Eu já escutei muito punk e hardcore melódico na minha vida (posso dizer que passei mais de 5 anos initerruptos escutando esse estilo) mas hoje acho que tudo virou uma coisa só e está tudo muito, muito chato.
Eu gostei deste disco por que ele tem uma veia bem mais rock e graças a deus, eles pararam com aqueles "ska-punkinhos" da fase intermediária da carreira deles.

Paura - The Myth is Dead. eu sei que falar da própria banda é muito feio mas desde que o 6 Fisrt Hits do Dance of Days foi lançado eu não sentia tanto orgulho de tocar numa banda como sinto deste Ep. Foi tudo gravado na casa do Henrique (baterista do Paura) e tudo saiu muito bom. A gravação tem peso e as músicas foram muito bem executadas.

SAMIAM - Astray. Existem bandas que quando vc conhece as pessoas e faz uma turnê junto, você nunca mais quer ouvir nenhum disco.
Com o SAMIAM o efeito foi exatamente o contrário. Depois que eles se foram do Brasil, eu passei a escutar cada vez mais este CD e os antigos também.

Fora isso, escuto sempre New Model Army, Faith No More, Quicksand, Danko Jones, AC/ DC, Refused e Bad Religion

07)Quais as influências da banda?
Metal antigo e novo e bandas de hardcore e rock alternativo.

08)Como foi a gravação do primeiro cd de vcs? Fale um pouco sobre essa etapa?
Quando eu entrei na banda, no fim de 2000, eles já estavam prestes para entrar em estúdio mesmo sem ter um baixista. Sendo assim, o Lau (um dos fundadores da banda) gravou o baixo e uma das guitarras e o resto foi normal.
O Cd foi gravado no Rocha em novembro de 2001 mas só saiu em 2002. Das 7 músicas contidas nele, tocamos somente 3 pois temos nos preocupado mais em escrever material para um novo trabalho.

09)Falando sobre a arte final do cd de vcs, é muito bem feita e diferente tb. Como surgiu toda idéia?
A idéia foi minha e foi executada pelo meu grande amigo Flávio Samelo, que é fotógrafo profissional de revistas de skate como a 100% Skate.
Minha idéia foi fazer algo diferente, fora dos padrões. Creio que eu e o Flávio atingimos nosso objetivo. O que não nos agradou foi ver algumas outras bandas e selos copiando essas idéias mas tudo bem.

10)Qual a sua opinião sobre a mídia especializada em música no Brasil, como revistas, mtv, fanzines, sites e jornais? Vc acha que já existe um espaço bom, ou falta muito ainda para a cena underground ser levada a sério aqui no Brasil?
Existe bastante espaço para música patrocionada por grandes gravadoras (cuja grande maioria, se trata de indústrias de lavagem de dinheiro e ninguém se dá conta). Somos bombardeados dia a dia com muito lixo vindo de rádios e canais de TV, mas creio que em meio a tanta porcaria, ainda existe alguma coisa boa e honesta sendo feita. O problema é achar espaço e gente interessada em divulgar bandas e trabalhos independentes pois a maioria dos jornalistas brasileiros só se interessam por bandinhas inglesas ou acabam ajudando a massificar bandas X ou Y por causa de esquemas de gravadoras.
O underground só vai ser levado a sério quando as próprias pessoas envolvidas nele se levarem a sério a passarem a ter mais ética. Enquanto isso não acontecer, estaremos submetidos a não sermos levados a sério nunca. Mesmo assim, temos sorte de ter programas como o Alto Falante (MG) e o Riff MTV e ter fanzines como o Contravenção e algumas outras poucas outras revistas.

11)Qual foi o show mais marcante para vcs? Fale um pouco sobre ele.
Gostamos muito de ter tocado em uma das etapas do festival beneficente Street Rock e nosso último show, aconteceu no dia 01 de setembro de 2002 e foi muito bom também.

12)Qual a sua opinião sobre a cena independente no Brasil hoje? Quais bandas vc curte?
Eu já fui muito mais envolvido e interessado com a "cena" e bandas independentes daqui, mas hoje em dia, só se vê bandas copiando bandas e passando a cantar em português pra ganhar fama rapidamente. Tenho nojo disso tudo e isso só tem me encorajado a procurar escutar bandas de outros estilos como metal e até hip hop.
Depois que o Dead Fish conquistou seu merecido espaço dentro da cena independente e o CPM 22 estourou no Brasil todo, eu me entristeço cada vez que vejo um CD demo de uma banda com nome em inglês, cantando em português. Às vezes também dou risada quando vejo bandas de conhecidos que já gravaram um disco inteiro em inglês e hoje gravam em português. Não há nada errado no fato de se cantar em português, desde que isso não seja feito de forma oportunista.
Cada um tem o direito de fazer o que quiser com suas bandas e vidas, mas mesmo assim, acho que grande parte dessas bandas que passaram a cantar em português são muito oportunista.
As bandas que eu gosto são bandas mais antigas e não tão "hipadas" como Safari Hamburguers, Garage Fuzz, IHZ, Dead Fish em inglês, Diagonal, Small Talk, Primal Therapy, Barneys, Rivets, Jail for Life, Hateen, [Mono] e algumas poucas outras.

13)Quais os próximos planos da banda? Clip? CD? Turnê?
Gravar nosso 2o CD e tocar onde tivermos chance

14)Espaço livre para deixar um recado, fique a vontade.

Eu e a banda SEVEN I LIE agradecemos pelo espaço.

Discografia:
- The Seventh Lie (2001)