1)Quem
é quem na banda e o que cada um toca?
Vanessa - vocal, Habacuque - guitarra, Mauro - guitarra e teclado, Edu
- baixo, Vlad - bateria.
2)Quais
as influências de vocês e o que você anda escutando ultimamente?
Como influências gerais da banda, o chamado rock alternativo americano
e rock britânico. Beatles, Pixies, Blur. E especialmente por parte da
Vanessa, bandas de vocal feminino. Ando escutando pouca coisa, comparando
com outras épocas. John Frusciante, um pouco de Beatles, jazz.
3)Se
eu abrir seu cd player agora, o que irei encontrar?
Eu tenho ouvido o To Record Only Water For Ten Days, do John Frusciante,
quase que ciclicamente. É maravilhoso, ele gravou em casa em um estúdio
portátil parecido com o que eu tenho aqui, e traz um clima muito sincero,
e muito bem tocado E também o novo do Weezer. Eu adoro o Pinkerton, então
devo dizer que este retorno à simplicidade me decepcionou um pouco, mas
sabendo que foi proposital, que todos os solos foram deliberadamente iguais
aos vocais, é bacana sim.
4)De
onde surgiu o nome Maybees? De quem foi a idéia?
Veio de uma música dos Pixies, U-mass. Há um verso em que aparece The
April Birds and the May Bees. Acho que a idéia foi do Habacuque.
5)Como
vocês se conheceram e como foi o primeiro show, você lembra?
A proposta da banda nessa época era a mesma de hoje em dia? Eu sou amigo
de infância do Habacuque, e conhecemos a Vanessa e o resto do pessoal
na faculdade deles. O primeiro show foi em um festival na USP, eu acho.
Tocamos com dois violões, baixo e bongô (?). Estava bem frio, devia ser
perto de julho. Em termos musicais, até que não estávamos tão longe, mas
na nossa cabeça era tudo muito menos planejado, muito menos profissional,
muito menos consciente.
6)Faça
uma comparação do primeiro cd de vocês com o segundo.
O primeiro tem muita eletricidade, tem guitarras sobrando, foi gravado
na ansiedade de colocar tudo que pudéssemos tocar em cada música. Já o
segundo, vem mais pelo caminho oposto, de ir lapidando, retirando os excessos,
deixando mais espaço para outros elementos. São duas maneiras de passar
a energia da nossa música, ambas com seus prós e contras.
7)Como
está sendo a divulgação do novo cd "Picture Perfect"? Shows, mídia...
No primeiro mês, concedemos um bom número de entrevistas, aquela coisa.
E shows a gente vai arrumando tudo que puder. Claro que fica aquela vontade
de sempre, de que haja mais espaço no Brasil, de que cresça o desejo do
público médio de ir conhecer novas bandas... Se bem que eu acho que a
cena está se fortalecendo, isso é importante.
8)Fale
um pouco sobre o cd Picture Perfect, gravação, composições, letras...
As composições vêm do período imediatamente posterior ao término das gravações
do "The Maybees". Lembro até de ter composto Rain a caminho do estúdio
e tal. E retratam um período muito intenso da minha vida. Mas intenso
para dentro, quando fui alimentando certezas sobre o que eu amo fazer,
música, e com quem eu amo viver, minha amada. Mas também tem a angústia
em músicas como Picture Perfect, One perfect morning, Outlaws, Chord of
Life. Tratam do oposto, de lidar com a incerteza do que está por vir,
em contrapartida às certezas que eu mencionei anteriormente, e que eu
trago comigo.
9)
A arte final do encarte do novo cd e o design do site oficial de vocês
é realmente muito legal, de quem são as idéias e qual a parcela de vocês
nessa parte da criação?
A nossa parcela é total, porque somos nós quem criamos, desenvolvemos
e preservamos o site. Especificamente Habacuque, Vanessa e Edu, que são
profissionais da área.
10)Se
você tivesse que escolher uma música de vocês para representar
o Maybees, qual seria? Por quê?
Chord of life, ou Outlaws. Ou no primeiro disco Skyscrapering, e Selling
Military Weapons. Porque todas essas são intensas, e carregam nelas diversos
elementos que procuramos sempre colocar no nosso som. Têm uma face pop,
mais notadamente pelos vocais da Vanessa, e arranjos que em primeiro lugar
são divertidos de tocar, com partes que se unem e soam bem juntas. Não
poderia escolher por exemplo uma balada, como Erika ou Leave me in bed,
ou uma mais pulante, como Too Late ou Heaven para representar a obra da
banda, porque aí eu estaria deixando de lado certas coisas.
11)Qual
a sua opinião sobre bandas como Coldplay, Travis, Looper, Belle & Sebastian
e The Gentle Waves?
Baixei duas músicas do Coldplay no Napster, e muito de vez em quando as
ouço, e até gosto, mas acho que não acrescentam muito. Do Travis eu gosto,
mesmo conhecendo pouquíssimo, mas não sei por quê. Questão de simpatia
mesmo. Belle&Sebastian, só ouvi mesmo o If you're feeling sinister, porque
o resto pra mim é idêntico, tudo sempre igual. E realmente esse negócio
de de repente todo mundo achar que é galês e ficar melancólico na praia
tomando água de côco não dá, né? As pessoas estão mesmo se identificando
com as letras do B&S? Quanto ao Looper, eu sei que é de um carinha do
B&S e tal, mas nunca ouvi, e a outra banda nunca ouvi falar mesmo.
12)Como
está a cena underground nacional na sua opinião? Cite algumas bandas interessantes
que você conhece.
Está interessante e deve crescer. É o seguinte: o pessoal costuma achar
que cena é juntar meia dúzia de bandas com o som parecido e dar um nome.
Mas cena de verdade é parar com preconceito, babaquice e guerrinha e dar
apoio a todas as bandas, dar apoio à variedade. Oferecer ao público opções.
Eu não gosto só das bandas que tem um sonzinho parecido com o meu. Ou
que cantam em inglês. Ou em português. Ou que são de Alagoas. Eu gosto
de algumas dentre todas essas, e não curto outras, mas quero mais é que
todo mundo possa dar shows - inclusive quem eu não gosto - , mostrar as
caras, trocar informações. Bandas interessantes: Wonkavision, Mechanics
e Frank Jorge. VideoHits, Madeixas e Pullovers, Blemish...
13)Na
edição de maio da revista Rock Press foi publicada uma matéria com o Maybees
(muito legal por sinal), onde você falou que já faz algum tempo
que está compondo em português, fale um pouco sobre isso.
Desde que comecei a compor, tenho algumas poucas músicas em português
guardadinhas. Só não quis tentar usá-las antes pelo seguinte. Maybees
havia lançado um disco em inglês, que foi bem falado, que nos tornou conhecidos
no meio underground. E eu sabia que não tinha sido tudo, que havia mais
músicas, que havia mais possibilidades, em inglês. Que aquele trabalho
poderia crescer. E foi o que aconteceu com o Picture Perfect. E foi bom,
porque se a gente lançasse um segundo disco em português, ia ficar parecendo
que estávamos atirando pra todos os lados, e não é nada disso. Não é nada
disso. A vida vem em círculos, e voltou a hora de fazer crescer algo que
eu sei que tem pra onde crescer, que é fazer nosso som em português. É
difícil, e eu quero dar às pessoas coisas novas em matéria de rock em
português. É o que eu venho tentando.
14)Quais
os próximos projetos da banda?
Depois de arrumarmos o máximo de shows que conseguirmos, vamos trabalhar
fundo nas novas músicas e no próximo disco. Já estamos fazendo coisas
aqui na mesinha em casa.
15)Deixe
um recado para quem curte o som da banda,para quem ainda não conhece,
espaço livre também para você falar o que quiser!!
Para o pessoal que curte, minha gratidão. Nossa música só é importante
quando atinge alguém. Para quem ainda não conhece, espero que consiga
arrumar meios de conhecer. Saibam que trabalhamos nisso com carinho, e
é sincero o que quisemos expressar. Para o Alternative Noise, muito sucesso.
Se todos tomarmos a iniciativa, e mantivermos o foco na música, temos
chance de construir novos caminhos para os que estão por vir, para as
muitas bandas boas que ainda vão surgir.
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