1)
Quem é quem na banda e o que cada um toca?
Dáphine Ribeiro - bateria
Selma Vieira - baixo e voz
André Dias - guitarra e voz
2)
Como surgiu o nome Jerks e fale um pouco das formações que a banda já
teve?
Veio de uma música do Daizy Down, do primeiro disco deles. O nome foi
sugerido pelo Toninho e a gente aceitou porque é um nome simples, forte
e irônico. Acabou pegando como nome para o mascote da banda, um elfo parecido
com elefante, verde com manchas cor-de-abóbora pelo corpo, que vive num
lugar chamado Just Fire. Quanto à formação, a única mudança aconteceu
logo nos primeiros meses da banda, quando a Selma substituiu o Wellington
no baixo. Isso foi em 1994.
3)
Qual a diferença entre o som atual, e o som que a banda fazia no começo?
As influências mudaram?
Logo que começamos, tocávamos punk rock, que era o que a gente mais ouvia.
Começamos fazendo covers dos Ramones. Eu estudava com a Dáphine na 7a.
série e ela ficava levando as fitas dos irmãos dela, que na época tocavam
no Plebiscito (hoje Daizy Down), com Garotos Podres, Cólera, etc. Com
a entrada da Selma, as músicas foram ganhando mais melodia. Foi na mesma
época que comecei a ouvir mais outros tipos de som além de punk rock.
Gravamos a primeira demo-tape em 1995. Nela dá para perceber influências
de Lemmonheads e Teenage Fanclub. Depois disso veio a coletânea "...Of
Noise", lançada em 1997, com 3 músicas nossas, ainda no esquema da demo,
dando valor à melodia nos vocais e arranjos de guitarra. Ouvindo nossas
músicas hoje, o estilo não mudou, mas a diferença é que estamos mais confiantes,
algumas músicas estão com mais peso e passamos a mesclar algumas músicas
em português no repertório. As músicas variam dos vocais melódicos e calmos
da Selma, às distorções de guitarra e baixo. Influências de Sonic Youth,
Beatles, Nirvana e bastante Pixies.
4)
O que cada um da banda anda escutando ultimamente?
André - Frank Black, John Lennon, Stoogies, Velvet Underground, Mutantes,
Plebe Rude, Sonic Youth, Butchers Orchestra, Elegia, Mary Help, Weezer,
Garbage, Morphine, Inocentes, MQN, Vermelho 40, Pelvs, Angelfish, Autoramas...
Selma - Smashing Pumpkins, Breeders, Pato Fu, Cramberries...
Dáphine - Weezer, Radiohead, Pixies, Lemmonheads, Hole, Spinanes, Red
5 e Frank Black.
5)
Como anda o espaço para tocar em São José e região?
Em São José está meio difícil... quase não tem lugar para show a não ser
o Sesc, que tem promovido um projeto exemplar, o Radar, que é uma grande
chance para as bandas daqui se mostrarem e uma das únicas opções na cidade
para o público rock. De vez em quando rola alguma coisa no Cine Santana
e no Centro Cultural Chico Triste também. Há umas três semanas abriu um
novo bar no Monte Castelo que tem dado espaço para bandas de rock, o House
Rock Café. Tocamos lá semana passada e foi legal, tomara que dê certo,
São José está necessitando urgentemente de um lugar assim. São José é
uma cidade relativamente grande e tem muitas bandas boas, mas não existe
lugar para tocar, os bares e casas noturnas não abrem espaço para outros
estilos de música senão os da "moda" atual. Em Caçapava tem o Posso! Skate
Bar, que eu considero o melhor bar da região. Para mim os melhores shows
que fizemos foram lá. E está melhorando cada vez mais, as pessoas saem
de São Paulo e de várias cidades para ir aos shows lá. Em Taubaté, Caçapava
e Pinda sempre rola alguma coisa. Há umas semanas atrás tocamos num bar
em Tremembé e também foi bem legal. Isso é que eu não consigo entender,
uma cidade pequena como Tremembé tem um lugar legal, bem organizado e
uma galera legal, enquanto em São José que é uma cidade grande, quase
não existe lugar para bandas de rock.
6) Sobre a coletânea "Airplane of noise 2" só com
bandas de São José, como surgiu a idéia e fale um pouco sobre as faixas
do Jerks neste cd?
Na verdade a idéia surgiu há alguns anos, com a primeira coletânea "...Of
Noise!", que saiu em 1997. Como na época era ainda mais difícil para uma
banda bancar um cd independente, nos unimos e fizemos um cooperativa,
onde cada integrante de cada banda pagava uma mensalidade, até conseguirmos
a grana suficiente para a prensagem. Neste volume dois foi um pouco diferente:
a prensagem foi rateada entre as bandas mas as gravações foram por conta
do então recém-nascido selo "Airplãine Of Noise!", do Toninho Ribeiro
(Daizy Down) e Marcelo Dangelo (Elegia), também do estúdio Hocus Pocus.
As faixas: Nós já tínhamos começado as gravações para o nosso cd quando
surgiu a idéia da segunda coletânea, por isso pegamos as quatro que já
estavam mais adiantadas para colocar na Airplane. As quatro estão no nosso
cd, mas com algumas diferenças, praticamente são outras versões. Só uma
observação para quem tem a coletânea: na contracapa houve um erro de gráfica
e duas músicas nossas acabaram sendo invertidas; a ordem correta na verdade
é: 15-Don´t Worry e 16-Sleeping
7)
Vendo a página oficial de vocês, percebi que um dos releases foi
escrito pela Débora Morais ( Plastic e Vermelho 40, tb bandas de são josé).
Qual a relação entre as bandas da cidade e fale um pouco sobre elas?
A Débora é uma grande amiga nossa. Ela também canta no Vermelho 40. Em
todas as bandas do selo Airplãine of Noise! o pessoal é, acima de tudo,
amigo. Pode-se até dizer que é uma grande família (e de fato grande parte
é mesmo), todos se conhecem há muitos anos, frequentamos as mesmas escolas,
crescemos juntos e hoje estamos trabalhando juntos para fortalecer a cena
independente do país. Fora as do selo também têm outras bandas de amigos
como o Massa Crítica, Harsh, Love Loud, Seven Years, Mestiço Oca, Gestalt,
White Liers, Patrulha Noturna, e várias outras. É muito bom poder contar
com a amizade de tantas bandas, afinal, se a gente não consegue ganhar
grana, pelo menos se diverte bastante. E tem ainda muita banda por aqui
que a gente não fica conhecendo, mesmo pela dificuldade para se fazer
um show ou gravar uma demo. Fica aqui o convite para o pessoal destas
bandas entrarem em contato para trocarmos idéias.
8)
Continuando na página de vocês, no local onde mostram as matérias
da banda que saíram na mídia, cada um define o som da banda de uma forma
diferente, mas todas de forma positiva, elogiando o som. Essas críticas,
sejam boas ou más, chegam a influenciar de alguma maneira o Jerks ou não?
É muito importante para a gente saber qual a impressão que nossas músicas
causam nas pessoas. Para mim uma das coisas mais interessantes em compor
é saber a reação que as os outros têm quando ouvem a música, mas essas
reações quase nunca influenciam na próxima composição. Se alguma música
nossa receber uma crítica ruim, não vamos mudar nada por causa disso.
Da mesma forma que, se uma música nossa agrada bastante, não é por isso
que vamos fazer mais um monte de outras iguais. Claro que se você disser,
ah eu acho que você deveria fazer assim, ou não deveria fazer isso, e
se eu achar que você está certo, que isso vai ser legal, certamente vou
aplicar a idéia, mas geralmente as críticas não nos fazem mudar. A única
restrição que temos ao compor/tocar alguma música é que nós três temos
que gostar dela. Eu não tocaria nada que eu não goste só para agradar
alguém.
9)
Qual o ponto de vista da banda sobre os processos de Metallica e Madonna
contra o programa de mp3 Napster?
Totalmente a favor. Não entendo estas bandas grandes que já estão com
o * cheio de grana fazendo de tudo para acabar com o Napster.
10)
Qual a ligação do Jerks com a internet, mp3, e divulgação virtual? Só
existem pontos positivos ou vocês citariam algo negativo na web?
A internet tem sido um mundo maravilhoso para as bandas. Conhecemos pessoas,
bandas, fanzines, revistas etc. de lugares tão variados que provavelmente
nunca chegaríamos a conhecer. E também o inverso: tantas pessoas de tantos
lugares visitam nosso site, ouvem nossas músicas e se correspondem com
a gente e isso seria bem mais difícil sem a internet.
11)
Como foi a experiência de ter tocado com o pessoal do Autoramas, Bacalhau
(ex-Planet Hemp), Simone (ex-Dash) e Gabriel (ex-Little Quail)? Vocês
continuam em contato com eles?
Cara, foi muito bom. Eu já tinha ouvido falar bastante sobre eles mas
nunca tinha tido a oportunidade de ouvir as músicas. Naquele show rolou
um lance raro de se identificar com as músicas deles e deu para perceber
que eles também curtiram as nossas. Além de serem hoje, na minha opinião,
a melhor banda do rock nacional atual, os três são pessoas muito legais
e merecem o sucesso que estão fazendo. Na época do show eu mal conhecia
a banda, hoje estou viciado no cd. Nós continuamos em contato sim.
12)
Fale um pouco sobre o primeiro cd da banda que está para ser lançado.
Existe alguma participação de outra banda ou músico?
O cd está pronto na fábrica e quando esta entrevista for publicada provavelmente
já estaremos com ele em mãos. Como este é o nosso primeiro cd e a banda
já tem mais de 6 anos, foi legal trabalhar músicas que nem tocávamos mais
e que resolvemos gravar, ao mesmo tempo que terminamos músicas novas já
dentro do estúdio. Outra coisa legal é que tudo ficou bem espontâneo,
desde arranjos improvisados até barulhos que rolaram durante a gravação,
a gente deixou tudo no cd. Mas não quer dizer que foi algo feito de qualquer
jeito, mal-feito, pelo contrário. Tivemos participação de vários músicos
de outras bandas, como na música Just Fire, com Emerson (Elegia) tocando
violino. Em Hey You, o Eduardo (Mary Help) fez os backing vocals. Além
disso, em várias músicas contamos com arranjos de guitarra por Cris Ribeiro
e Marcelo Dangelo e teclados por T.Ribeiro.
13)
Fale um pouco sobre a coletânia virtual da London Burning em que vocês
participam com a faixa "Just Fire". Como surgiu esta oportunidade?
O London Burning é um selo virtual criado pelo jornalista Luciano Vianna,
com objetivo divulgar as bandas do underground brasileiro. Ficamos sabendo
que estavam selecionando bandas para a segunda coletânea aí mandamos material
que foi escolhido para fazer parte. No site tem muita coisa legal. Para
quem quiser conferir, o endereço é: www.londonburning.cjb.net
14)
Quais são os próximos projetos da banda?
No momento estamos correndo atrás de shows, procurando lugar para tocar
e, assim que o cd chegar vamos mandar para as revistas, fanzines, fazer
a maior divulgação possível.
15)
Qual a opinião de vocês sobre:
a-Rock in Rio 3: "A música não importa, o importante é a renda",
já dizia Plebe Rude há 10 anos atrás. Parece que não mudou nada.
b-Clubbers: Moda... isso passa... mas não
faz diferença para mim...
c-Cena independente brasileira:
Parece que as coisas estão melhorando, mas falta iniciativa das
pessoas, falta o público ler mais fanzines, comprar mais fitas e cds independentes,
comparecer mais aos shows. Este tipo de cultura ainda está fraca no Brasil.
d-MTV: Não tenho em casa, quase não assisto.
16)
Deixem um recado e aproveitem este espaço para falar mais alguma coisa!
Espaço livre!!!
Muito obrigado Raphael pelo espaço e pelo apoio que você tem dado às bandas.
E a todos: vamos ler mais fanzines, comprar fitas e cds independentes,
frequentar os shows. Muita gente reclama que a mídia não nos dá opção
de escolha, pois vamos criar a nossa própria! Rock e paz para todos!!!
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