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Banda: BIDÊ OU BALDE
Data da entrevista: dezembro 2001
Entrevistador: Raphael Rodrigues (Alternative Noise)
Entrevistado: Carlinhos - vocal
Cidade/Estado: Porto Alegre/RS

1- Quem é quem na banda e o que cada um toca?
Bom, eu sou o Carlinhos e, junto com a Vivi, canto as nossas música (e todas aquelas que a gente gosta de cantar e que a gente tenha ensaiado), portanto:
Carlinhos e Vivi, Vocais. O André é o cara mais emocionado do pedaço, dá o sangue pelo rock, pula feito um desesperado e toca baixo desse jeito, até nos ensaios. A Katia não pára de fumar cigarro. Se para, é por uma boa causa. Ela mesmo disse uma vez que queria ser o Keith Richards da Bidê, o Keith Richards dos teclados. Ela é muito rock, usa teclados bacanas ( um SK-5, da Casio, desde a primeira vez que apareceu num ensaio nosso), e canta tri bem - além de inventar, com sua ironia peculiar, sacadas bacanas. A guitarra do Sá é responsável por todos os "barulhinhos" bacanas que
deram à Bidê uma personalidade específica (pelo menos é isso que eu acho).
Esse papo de ir atrás de técnicas estranhas que deêm à nossa sonoridade sempre
simples, algo que gere estranhamento (leia-se riffs simples que ao passarem pelos pedais dele entram nos nossos ouvidos com um que de bizarro), isso vem do Sá. Na bateria temos o Pedro, que parece compenetrado pacas nos shows, mas ele também é um sacana. Sempre tem alguma tirada recentemente bembolada, pronta pra sair da boca dele. Em várias entrevistas, são as frases
dele que nos tiraram do sério, são sempre surpreendentes. Ah, e o Pedro é o maior fã de Led Zeppelin na banda.
Na segunda guitarra está o Gabriel, que é do ToyShop, uma banda muito bacana aqui de São Paulo, onde estamos acampados desde julho. Na real o Gabriel entrou nessa pra nos dar uma mãozinha, mas parece que estamos nos apegando ao jeito dele...

2- Como vocês se conheceram?
Ih, daí fica complicado! Cada um se conheceu de um jeito... Eu e o André sempre nos topávamos na noite e falávamos de música. Eu e a Katia estudávamos na mesma faculdade, e ministramos juntos algumas oficinas de fanzine, daí surgiu uma amizade.
O Sá e o Pedro são amigos de infância, eu acho. A Vivi e a Katia eram cunhadas.
O Gabriel tem um bar onde nós todos vamos beber, e
fica aqui perto da casa onde toda a banda está morando (menos ele, né?!).
E por aí vai...

3- Como surgiu o nome Bidê ou Balde? De quem foi a
idéia?
Foi do Vini Unabomber, nosso primeiro baterista. Ele tava numas de aplicar aquele velho golpe da vanguarda (movimento de política sócio-cultural radical e coisa e tal), estava lendo sobre um movimento anti-marxista dos anos 50 que se chamava Socialismo ou Barbarie (SouB), da França - movimento esse bastante influente em idéias do Situacionismo e teve reflexos e livros editados até aqui no Brasil, vejam só.
Mas queríamos um nome que não significasse muita coisa e começasse com B (por causa daquela história
de que as bandas que mais gostamos começam com essa letra, Blur, Beck, Beatles, Butter 08, Butthole Surfers...). Então o Vini sugeriu Bidê ou Balde, e nós
curtimos.

4- Quais são as influências da banda e o que vocês estão escutando ultimamente ?
Caímos nas modinhas! Mas porque elas definitivamente são massa! Strokes e Gorillaz estão sempre rodando aqui no nosso cd player. Mas curtimos mais uma porção de coisas.
Além das bandas que começam com B, gostamos de
Pavement, The Who, Pulp, Velvet Underground, Mudhoney, David Bowie, Burt Bacharach, Mutantes, Cascavelletes, recentemente estou apaixonado pelo Mooney Suzuki, curtimos Jon Spencer, Elastica, Possum Dixon, e por aí vai...
O cinema influencia em muita coisa também: David Lynch, Hal Hartley, John Cassavetes, Jim Jarmusch...

5- Fale um pouco sobre o filme "As amarras do amor
inviável", isso aconteceu mesmo?
Qual foi a participacão de vocês e por quê não foi rodado?
Essa história do filme é uma mentira que a gente falava no começo da banda, pra ter assunto com quem nos entrevistava.
Na real, o começo da banda foi realmente em função de um filme, mas o nome era outro, "Fábula", seria
dirigido por mim, produzido pela Katia e atuado pelo Rossatto. Não foi rodado porque acabamos nos envolvendo bem mais com a banda (e a sonoridade
do que estávamos ensaiando não era exatamente como aquela que eu imaginava para o filme, era muito melhor!).

6- Já aconteceu alguma coisa estranha ou engraçada com vocês no palco? O que aconteceu?
Esses dias em Pelotas, no RS, a luz caiu e o som sumiu em apenas 45 segundos de show, na primeira música. Simplesmente achamos engraçado e ficamos conversando com a galera, pedindo para que contassem piadas, discutindo sobre a situação aflita destes nossos dias de hoje no mundo (essa tal de "guerra", o disco novo do Guns ´n´ Roses que nunca sai...). Lá pelas
tantas eu notei que tínhamos bem em cima de nossa cabeças, lá em cima do
palco, uma bandeira dos Estados Unidos. Daí, subi nas armações metálicas da iluminação do lugar, e com um estilete fui arrancá-la, enquanto o público inteiro
gritava "queima, queima...". Do lado dela tinha uma bandeira da Inglaterra, e algum bêbado na platéia disse pra que eu arrancasse também, mas gritei
"Não, meu, os Beatles eram de lá!", e todo mundo riu.
Quando a luz voltou nós estávamos tão amigos do público que aqiele acabou sendo melhor show da Bidê até hoje!

7- Onde foi gravado e como foi a gravacão do clip da
música "Melissa"?
O Clipe foi gravado na Chaos, uma parte da Cervejaria Dado Bier, em Porto Alegre. O lugar é muito bonito, não é exatamente o lugar que gostamos de
frequentar mas, bom, tem um ótimo lustre (grande e luxuoso) por lá e as paredes vermelhas tinham o clima Twin Peaks que queríamos para a filmagem.
A gravação foi massa, cheia de amigos que pintaram por lá para comer as pizzas da produção e acabaram entrando em cena... E tudo rolou em um dia, pouco
mais de doze horas!

8- Afinal, quem é Melissa? Ela existe?
Sim. E ela é bonita. E é branquinha, tem olhinhos puxados e tudo mais...
Ela era lá da nossa faculdade, e um dia nos contou que não tinha como ir pra praia. Eu, tímido, falei baixinho "Se tu quiser que eu te leve, eu aprendo a
dirigir.". Ela nem me ouviu. Mas o Rossatto ouviu e disse que tínhamos que fazer uma música com essa frase. E assim foi...

9- A banda continua com a mesma proposta musical de
quando se reuniu pela primeira vez? O que mudou de lá
pra cá?
Não... Na primeira vez, não tínhamos idéia do que queríamos, apenas fazer a trilha sonora desse filme que eu falei. A idéia era barulheira mesmo, sonic youth na cabeça. Só que nesse mesmo primeiro ensaio a coisa se desenhou mais pop do que esperávamos, com as letras já surgindo e tudo mais...
De lá pra cá só queremos fazer o tipo de música que vá nos agradar, e divertir a galera que nos curte. Não temos grandes pretensões, não...

10- Fale um pouco sobre o cd de vocês.
"Se sexo é o que importa, só o rock é sobre amor!" foi um disco muito esperado por nós, mal tínhamos assinado o contrato com a Antídoto e já estávamos ansiosos por gravar.
A pilha é justamente aquela de músicas sobre amor, com teor "estranho", as músicas que fizemos nos divertindo desde os primeiros ensaios.

11- O site de vocês é muito bom, qual a importância da
internet na vida da banda?
A internet é essencial para tudo em uma banda de rock, hoje em dia. As pessoas sabem que elas têm condições de irem atrás da informação, que tudo que se fala sobre rock está indo de muda para a internet, em fanzines,
listas de discussão, homepages... E as bandas têm que estar em dia com esse papo, têm que estar dispostas a ceder a informação e espalhar o trabalho delas por tudo.

12- Das bandas do underground nacional, quais vocês
gostam mais?
São várias: Walverdes; Thee Butchers Orchestra; as da Monstro: MQN, Hang the Superstars, Mechanics; Wry; Dead Billies, e por aí vai...


13- Como foi a participacão de vocês no programa do Jô?
Já foi ao ar a entrevista, foi legal ir no programa, conversamos com o Bira, que apareceu no nosso camarim pra mijar.

14- Valeu pela entrevista e agora espaço aberto para
vocês falarem o que quizerem.
Nada além de "Ame o Rock!".
Visitem a nossa página, www.bideoubalde.com.br, baixem as nossas músicas no
www.mp3.com/bideoubalde, vão a shows de rock, comprem discos, leiam fanzines e o resto que se foda!

Discografia:
em breve!