-----

Banda: POLEN (ex-Polux)
Data da entrevista: maio 2000
Entrevistador: Raphael Rodrigues (Alternative Noise)
Entrevistado: Bianca (vocal e guitarra), Mariana (vocal e baixo) e Rodrigo (guitarra)
Cidade/Estado: Rio de Janeiro

AN - COMO VOCÊ DEFINIRIA O SOM DO POLEN PARA QUEM AINDA NÃO CONHECE , E FALE UM POUCO DE CADA UM DA BANDA E QUAL INSTRUMENTO CADA UM TOCA?
Bianca - eu sou guitarra e voz, Eva baixo e voz e temos o Rodrigo na guitarra e o Pedro na batera.
Eva - O som é rock alternativo. Duas vocalistas que destacam suas diferencas: Doce/agressiva.
Rodrigo- nosso som se caracteriza por alternar melodias pop, dinâmicas mais calmas com momentos mais pesados e agressivos.

AN - QUAIS SÃO AS INFLUÊNCIAS GERAIS DA BANDA?
Eva/ Bianca/ Rodrigo -Sonic Youth, Pixies, Nirvana, NIN, Portishead, Eels, Weezer, Garbage, The Cure, Rentals, Smashing Pumpkins...

AN - COMO VOCÊS SE CONHECERAM, E CONTE COMO E AONDE FOI O PRIMEIRO SHOW ?
Eva - Primeiro show no Sergio Porto foi inexperiente mas com garra. Desde o começo sempre rolou atitude. Nos conhecemos num show dos Los Djangos e Wander Wildner, iamos fazer um programa de radio que furou, mas ficou a banda.
Bianca - foi engraçado como eu e Eva nos conhecemos nesse show do Los Djangos e Wander, estavamos conversando e comecamos a perguntar o que a outra fazia, eu disse que sabia tocar um pouco de violão, que estava tendo aula etc e dai no dia seguinte ela me liga dizendo pra montarmos uma banda. Logo depois já estavamos fazendo musicas e já ensaiando em estúdio, foi muito rápido e louco.

AN - ALGUÉM DO POLEN JÁ TOCOU EM OUTRA BANDA?
Rodrigo - O Pedro já tocou no Cabeça e em um monte de outras bandas da cena alternativa carioca. Atualmente, ele toca com o Reajuste e o Peneira, além de participar de shows do Vulgue Tostoi e Bia Grabois. A Bianca toca com o Fausto Fawcett e eu, com o Moebios.

AN - FALE UM POUCO SOBRE O PROJETO COM O FAUSTO FAWCETT, DO QUE SE TRATA? EU JÁ ESTOU SABENDO, MAS ACHO LEGAL A GALERA DA PÁGINA TAMBÉM FICAR POR DENTRO!!TOMARA MESMO QUE TENHA TURNÊ E VOCÊS VENHAM PARA SP .
Bianca - Esse projeto com o Fausto é muito legal porque é um som bem diferente do que o do Polen, até mesmo na formação da banda que é uma percusionista, uma DJ, baixo, Fausto na voz e eu na guitarra. A DJ solta uma base e tocamos em cima, e o show se chama "Dallas Melrose - Asia 666" é uma opera-rap onde o Fausto conta uma historia muito louca em 9 músicas, todas as músicas sao ligadas pela mesma história e os mesmos personagens. A história gira em torno de Dallas Melrose, uma loira de seriado americano, filha de Katia Flavia e seu namorado Bruce Lido, e suas peripécias entre Copacabana e São Paulo. Estamos fazendo alguns shows, talvez ele vá lançar no fim do ano um livro com a história desse show e talvez um cd junto. Quem tiver a oportuniade de ver o show, vá, porque é realmente muito legal e divertido. e espero que role show ai em SP!

AN - COMO FOI A GRAVAÇÃO DO PRIMEIRO CD "IN VINO VERITAS" E QUAIS AS DIFICULDADES QUE VOCÊS ENFRENTARAM TANTO NA PRODUÇÃO COMO NA DIVULGAÇÃO?
Rodrigo - Primeiro, deixe-me corrigir uma ideia que várias pessoas tem (por nunca termos deixado bem claro isto): Nós não consideramos In Vino Veritas um cd, álbum nosso, e sim nossa terceira demo (a primeira foi Solve et Coagula, a segunda Ex Limo Terrae). Nos só fizemos um cdr dela (assim como fizemos de Ex Limo Terrae, juntando as duas primeiras demos) bem produzido e com um conceito estético bem trabalhado, já que damos muito valor a esta parte.
A divulgação teve como base os shows (que não foram poucos) que fizemos e os zines, programas alternativos de rádio, amigos, fãs, que se interessaram em ter e divulgar esse material, mas tudo partindo da gente mesmo. Ah, sim essa gravacao que estamos fazendo agora é que vai fazer parte de nosso primeiro álbum.
Eva - A gravação foi cansativa, até de madrugada todos os dias afinando e aperfeiçoando. Não enfrentamos muitas dificuldades porque sempre gostamos de produzir e divulgar nosso próprio trabalho.
Bianca - nós gravamos a bateria da In Vino Veritas duas vezes. A primeira foi com o Duda, um batera que entrou na banda e ficou alguns meses, logo depois que ele saiu, entrou o Pedro e resolvemos gravar tudo de novo porque tínhamos feito arranjos diferentes e a parte que realmente cansa mais é a gravação de bateria porque tem que montar tudo, afinar, tirar som etc. A única música que não gravamos de novo foi "Sour Times" do Portishead, que foi toda ao vivo. Então nessa demos temos dois bateras...

AN - JÁ ESTAMOS NO ANO 2000, CONTINUA DIFÍCIL ACHAR CASA DE SHOWS QUE ABRAM AS PORTAS PARA AS BANDAS INDEPENDENTES?
Eva - Casas de shows existem, o problema são as condições que elas nos fornecem. Fica difícil para uma banda que está tentando trabalhar mais detalhadamente seu repertório mostra-lo em qualquer aparelhagem. O organizador, que já está tendo bastante trabalho, nao se preocupa neste detalhe que é cada vez mais importante para nós.
Rodrigo - O problema é que normalmente os locais mais acessíveis em termos de preço e mais legais em termos de conceito normalmente não tem grana pra investir no som. Dai, os shows acontecem porém os trabalhos das bandas nao são passados ao público da forma mais adequada, com uma qualidade sonora sempre aquem das possibilidades das bandas.

AN - COMO SURGIU A OPORTUNIDADE DE TOCAR NO ABRIL PRO ROCK? CONTE UM POUCO COMO FOI ESTA EXPERIÊNCIA.
Rodrigo - A Eva falou com o Paulo André (produtor do evento) e mandamos o material. Ele se interessou e chamou a gente. O curioso da história é que esse contato rolou todo por e-mail e daí, nos quase não acreditamos direito. Foi uma experiencia e tanto, já que chegamos lá, e rola uma estrutura enorme, e a gente tava bem no começo, só tocando em lugar pequeno e sem estrutura. Trocamos experiencias com outros artistas, fizemos amigos. E lá tava a imprensa toda querendo saber quem era a gente, se éramos uma banda legal, maior expectativa... Mas nosso show não correspondeu tanto as nossas expectativas, tocamos entre o Ratos de Porão e o Devotos, o público estava cansado e o som não tava tão legal. Mas a imprensa até que falou bem do show e algumas pessoas que viram e falaram com a gente depois elogiaram bastane. Mas eu, particularmente, acho que poderia ter sido muito melhor, mesmo com nossa inexperiência.
Bianca - estávamos nervosas no show, nunca tinhamos tocado pra 8 mil pessoas e sabe como é banda que tem mulher, o caras ficam gritando varias coisas...

AN - O QUE ACONTECEU COM A ANTIGA BATERISTA (MARCELA, CERTO?)? ELA ESTÁ EM OUTRA BANDA?
Bianca - a Marcela já tinha tocado em outra banda, Number4, daí quando ela entrou no Polux ela já tinha dito que não teria muito tempo pra se dedicar, mas que estava afim de tocar. Nós tentamos levar até onde pudemos, ela trabalhava a tarde toda e estudava a noite e ainda ensaiava com a gente. Antes de irmos pro Abril Pro Rock ela tinha avisado que estes seriam os últimos shows ( no dia seguinte do Abril voltamos para o Rio e abrimos para o "Atari Teenage Riot" no Teatro Rival) depois disso ela fez uma participação num show nosso. Gostamos muito dela, sempre que dá nos encontramos.
Eva - Marcela, depois do Polux, desistiu da música.
Rodrigo - Na verdade, nunca foi o lance dela, ela tava mais num lance de tocar e conviver com pessoas que ela curte. Mas quando ela sentiu que o lance poderia ficar mais sério, avisou logo que não daria pra ela. Dai ela nos deu um tempo e saiu na boa. Continuamos a manter amizade até hoje.

AN - COMO OCORREU A MUDANÇA DO NOME POLUX PARA POLUX 7 E AGORA POLEN? POR QUE TODAS ESSAS MUDANÇAS?
Eva - Sentíamos a necessidade de mudança, primeiro começamos a fazer músicas novas com uma preocupação mais detalhada na parte musical, depois acreditamos que o nome já não nos representava tão bem. Mas queríamos algo parecido, pois a essencia ainda era a mesma, o Rodrigo sugeriu Polux 7 e achamos legal, mas depois de um tempo mudamos de idéia e queríamos um outro nome que ainda remetesse ao anterior mas que fosse mais sofisticado: Polen.
Bianca - só um detalhe, nem Polux nem Polen tem acento!!

AN - O QUE CADA UM ANDA ESCUTANDO ULTIMAMENTE EM MATÉRIA DE MÚSICA?
Rodrigo - Weezer, Smashing Pumpkins, músicas antigas dos festivais da canção, John Lennon, Rentals (essa mais do que todas) e Pavement.
Bianca- tenho escutado Sneaker Pimps, Imperial Teen, Curve, Smashing Pumpkins, Teenage Funclub, Bush, Limp Bizkit e Korn
Eva
- Beck, Vulgue Tostoi, Beethoven, Los Fabulosos Cadillacs, Babasonicos, Flaming Lips, Cafe Tacuba, Gomes, Cidadão Instigado, etc...

AN - FALE UM POUCO DA CENA UNDERGROUND CARIOCA E CITE ALGUMAS BOAS BANDAS DO RIO DE JANEIRO.
Eva - Vulgue tostoi, Zumbi do Mato
Bianca - 4Track Valsa, Nocaute, Maurício Negão, Staples, Los Djangos.
Rodrigo - Moebios (minha outra banda!). Agora que estamos mais concentrados na nossa gravacao, estamos meio por fora do momento underground. Mas uma coisa que tenho achado de fora, é que desde que demos essa parada, o Los Hermanos e o Autoramas assinaram, Ack e Carbona também deram um tempo de shows, acho que o movimento de shows under caiu muito em quantidade (já que todos agitávamos muito), apesar de haverem muitas bandas ralando pro lance continuar rolando. A crise e o fechamento de locais como O Garage, Hillos (que estão voltando) e a desistencia de alguns produtores do underground também contribuiram pra isso.

AN - SE O POLEN TIVESSE QUE ESCOLHER UMA DAS ALTERNATIVAS, QUAL SERIA A OPÇÃO ESCOLHIDA?
A-TOCAR EM UM FESTIVAL COMO O ROCK IN RIO
B-FAZER UMA GRANDE TURNÊ POR VÁRIAS CAPITAIS BRASILEIRAS
C-FAZER UMA TURNÊ MUNDIAL

Eva - C
Bianca - a C, lógico!
Rodrigo - Acho que todas mas escolheria a que desse mais grana, hehehe

AN - COMO FOI A ESCOLHA DO JOÃO GUILHERME PARA PRODUÇÃO DO NOVO CD E COMO ESTÃO AS GRAVAÇÕES?ALGUMA NOVIDADE EM PRIMEIRA MÃO PARA ALTERNATIVE NOISE SOBRE O CD?
Eva - Foi ele que escolheu a gente. Viu o nosso potencial.
Bianca - ele viu um show nosso e gostou muito daí ele disse que estava afim de gravar a gente, mas que ainda estava terminando o disco do Lobão. Em dezembro de 99 gravamos algumas bases e depois tivemos umas férias e retomamos o trabalho a uns meses atrás. Estamos gravando na casa do Milton Guedes, que também está nos produzindo e tem sido bem legal porque nao tem aquele stress de estúdio, fazemos tudo no tempo que acharmos necessário.
Rodrigo - sobre o cd como ainda não está pronto não da pra dizer muito. Mas tanto as musicas novas quanto as novas versões das antigas estão ducacete.

AN - QUAL SUA OPINIÃO SOBRE:
A) PORTSHEAD:
B) COURTNEY LOVE:
C) 500 ANOS DO BRASIL:

Rodrigo:
A-Portishead é música muito bem feita, pensada e contém muita emoção. Fodasso.
B-O outro disco era legal mas esse é bem ruinzinho... O filme Larry Flynt e bem legal tb
C- 500 anos de monocultura....
Bianca:
A- Portishead é maravilhoso, nós até fizemos uma versão de "Sour Times" como bonus track no "In Vino Veritas". Tenho muita vontade de ve-los ao vivo.
B- Gosto do Hole, o disco anterior com a ajuda do Kurt Cobain é muito melhor do que esse novo com a ajuda do Billy Corgan ( e eu gosto de Smashing Pumpkins!)
C- Sem comentarios... .
Eva :
A- A melhor banda do mundo.
B- Pretenciosa, por vezes talentosa e por outras poser e mais nada.
C- Uma palhaçada! O Brasil não nasceu nem foi descoberto a 500 anos, o território já existia a muito mais tempo. O que se comemora é que a 500 anos estamos explorando os índios e as terras do atual Brasil.

AN - QUAIS SÃO OS PRÓXIMOS PROJETOS DO POLEN?
Eva - Trabalhar fazendo o nosso som da melhor maneira possível com amor, alegria e passar isso pro nosso público e pra todos que se interessarem.

AN - DEIXE UM RECADO PARA GALERA QUE CURTE O SOM DO POLEN E PARA ALTERNATIVE NOISE.
Eva- Nao neguem comida a uma criança com fome.
Rodrigo- ouçam bandas novas, vão atrás de coisas que não tem espaço na grande midia. Leiam zines, pesquisem na Internet, mas não acreditem em tudo que dizem, duvidem de tudo, questionem.
Bianca - Valeu Raphael espero que a Alternative Noise continue sempre ( Parabéns pelo site) !! Pra galera que não conhece o Polen, apareçam nos nossos shows ou entre em contato pelo mail polen@ig.com.br, beijos!

Discografia:
em breve!