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Banda: DOMINATRIX
Data da entrevista: dezembro 2000 (primeira parte), janeiro de 2001 (segunda parte)
Entrevistador: Raphael Rodrigues (Alternative Noise)
Entrevistado: Elisa (vocal/guitarra) e Isabella (vocal e baixo)
Cidade/Estado: São Paulo

1) A banda começou em dezembro de 95, mas só adotou o nome DOMINATRIX em 96, vcs chegaram a pensar em outro nome, ou chegaram efetivamente a ter outro nome?
Não, nunca chegamos a ter nenhum outro nome. Claro que pensamos em muitos, mas nada muito sério. "Dominatrix" também foi sugerido meio na brincadeira (vê-se...), por causa de uma música do Bratmobile (Panik), mas acabou que todas gostaram. Pessoas que entraram na banda depois disso às vezes perguntavam, meio envergonhadas, "Vai ficar esse nome mesmo..?", e a gente respondia, rindo, "Vai!". Acabou ficando mesmo.

2)Na primeira formação da banda havia um menino, pq ele saiu? Se fosse para colocar um menino hoje na banda, isso seria possível ou inviável ?
Ele saiu por motivos pessoais (incompatibilidade de gosto musical no que tange composição etc). Lembrando sempre que naquela época os nossos interesses como banda ainda não eram exatamente o que o Dominatrix é hoje. Ter uma banda feminista de hardcore veio depois. Agora, ter uma banda de meninas significa mostrar que mulher é capaz de compor, produzir e gravar um disco. Mesmo tendo apenas meninas na banda ainda tem gente que acha que é “algum cara” que faz as musicas. Todas as integrantes da banda tiveram ou ainda tem bandas com meninos, nunca tivemos nenhum preconceito em tocar com eles. O caso é que o Dominatrix tem um conceito que impede que tenham meninos na banda. Pense no Bad Brains... no Los Crudos... é o mesmo conceito.

3)Vocês continuam em contato com as outras garotas que deixaram o DOMINATRIX? Elas estão em outras bandas?
Na medida do possível, sim. Mas não nos trombamos com muita freqüência... A Ana toca em uma banda da qual não sei o nome, a Estela toca no Infect, e a Eliane tocava no Pin Ups e agora só está no Lava. Eu (Elisa) vejo a Eliane quase todo dia na faculdade.

4) Cite algumas literaturas interessantes sobre feminismo, aborto, pro-choice entre outros movimentos que vcs acreditam.
Bom, vamos lá.
-Aborto:
Aborto - Aspectos Sociais, de Maria Tereza Verardo (acho o melhor e mais didático).
Aborto (Direito), da Frente de Mulheres Feministas
Aborto, de Mara Lucila Milanesi
-Feminismo:
Mulheres em Movimento, editora Marco Zero
A dialética do sexo, de Shulamith Firestone
O olhar feminino sobre 2010, de Cielene Swain Canôas Sexo, Arte e Cultura Americana, de Camille Paglia (ótimo livro emblemático de uma das maiores pensadoras feministas contemporâneas)
-Sexo e homophobia:
Os onze sexos, de Ronaldo Pamplona da Costa
A homophobia tem cura?, de Bruce Hilton
O Ponto G, de Matser & Johnsons
Outras leituras e afins que pra mim (Elisa) são importantíssimos e faltam no pensamento punk/HC de hoje em dia:
- Qualquer coisa de psicanalistas (principalmente Lacan e Melanie Klein)
- O que é alienação?, de Wanderley Codo (para saber usar o termo de maneira correta e aprender mais sobre psiquismo humano).
- Pensadores da escola de Frankfurt, como Walter Benjamim e Adorno
- Poesia e dramaturgia engajadas, como Allen Ginsberg, Brecht, Baudelaire, Garcia Lorca, Sylvia Plath, Pablo Neruda etc
- Cinema: filmes do Eisenstein, Godard, Orson Welles, Herzog, Lars Von Trier, Almodovar, Kubric, Pasolini, Antonioni, Korine etc.

5) Na edição de Dezembro/97, da revista Rock Press, a Elisa falou: "...a cena é quase totalmente masculina, branca e heterossexual de classe média." Agora no ano 2000, vc acha que continua a mesma coisa, mudou, piorou?
A coisa ficou com uma cara nova. Hoje você vê saindo mais zine feminino do que masculino (numa proporção de 4 pra 1 ou mais!). Existem também muitas bandas femininas, parece que a ordem do dia vamos-formar-uma-banda-feminina está durando anos! Isso é ótimo! Eu ainda acho que a cena ainda está impedindo muitos gays e lésbicas de saírem do armário. As pessoas começaram a ver muitas meninas se beijando em shows e acharam que era moda, isso é absurdo! Como algo que te marginaliza pode ser moda??? Não existe vantagem em ser lésbica na cena. É uma puta homofobia disfarçada esse negócio de falar que ser gay é moda. Inclusive, vários meninos que estão se beijando em shows são marginalizados por discursos homofóbicos disfarçados, é aquela coisa “eu não odeio aquele menino por ser gay... odeio porque ele não faz nada, é apático” ou “não sou homofóbico, é que eu não vou com a cara dele”. Ou seja, o povo tem que ser politicamente correto e demonstra homofobia com outros discursos.

6)Vou fazer 3 perguntas agora sobre a discografia da banda ok!!
a) Todas as faixas de "March 8th" e "All we want is girl unity" estão no Girl Gathering ou alguma foi esquecida?

O álbum "Girl Gathering" é a soma exata destas duas demos. Algumas versões de músicas foram mudadas, mas todas as músicas das duas demos estão no álbum.
b) As músicas do "Pink Hair Rules" e "Little Grrrls" foram utilizadas no Self Delight ou em outro cd coletânea? Há alguma possibilidade de serem utilizadas em lançamentos futuros da banda?
Não, as músicas destas demos permanecem inéditas (ainda bem! :)), com exceção de "Nuke 'em High", da Little Grrrls que foi parar na coletânea "SP Punk vol. II", de 1996 (e, ainda assim, regravada), juntamente com a primeira versão de They Cry. Por enquanto, não planejamos relançar estas músicas (e acho que não o faremos tão cedo...).
c) Por quê o nome "March 8th" para terceira demo ?
"March 8th" traduz-se como "8 de março", que é o dia internacional da mulher. Como esta demo coincidiu de ficar pronta em março (de 1997), pensamos que seria uma boa idéia nomeá-la em homenagem ao dia Internacional da Mulher que se seguiria, e porque isto tinha a ver com o que abordávamos naquelas letras e o que queríamos transmitir, que eram basicamente mensagens de força e incentivo às mulheres.

7) Por quê a home page de vocês não está sendo atualizada?
Boa pergunta para deixar claro a todos que nos perguntam isso - ou que querem perguntar mas têm vergonha, vai saber... - Porque não somos nós que fizemos a home page (a gente nem sabe fazer hp), e, portanto, não somos as responsáveis pela manutenção da mesma. A página foi construída por livre e espontânea vontade por uma pessoa que gosta da banda, e não por nós, que só ajudamos com algumas fotos, etc. Portanto, quem quiser fazer qualquer comentário, pedir por atualização, criticar, o que for, por favor dirijam-se à ela (Inter), que fez a página, e não a nós. O endereço dela é strikinina@chickmail.com.

8) Continuando na homepage, entrei no livro de visitas e reparei que muita gente não concorda com as idéias da banda. Vocês acham isso bom, pois de alguma forma elas estão se manifestando ou acham todos depoimentos sem nenhum fundamento? O Gozado é que muitos que xingam não se identificam!!
Geralmente, não entramos no guest book, porque sabemos que as pessoas que realmente têm alguma crítica fundamentada a nos fazer, sempre se dirigem diretamente a nós através de e-mail, procurando, assim, manter um diálogo coerente e intercâmbio de idéias. Geralmente o que há no GB são críticas tão vazias e infundadas que nem vale a pena gastar tempo lendo... Até hoje, depois de cinco anos de banda, é possível contar nos dedos as críticas que foram realmente fundamentadas e sólidas. Se essa molecada ainda não fez nenhuma crítica que nos faça sentar pra pensar, rever nossos valores e o que dizemos, é porque o que temos a dizer é incrivelmente desafiador e faz algum sentido. Para deixar tanto moleque sem palavras, só com xingamentos... Isso nos deixa muito feliz; saber que irritamos e ofendemos tanta gente. Afinal, o que temos a dizer não se aplica somente ao "mundo lá fora" - se aplica, principalmente, para o meio hardcore punk. É ótimo saber que estamos atingindo nosso alvo. Como você disse, geralmente as pessoas que entram no GB e falam um monte de coisas engraçadas e vazias não se identificam. O que é igualmente engraçado e denota, a meu ver, medo de alguma coisa (não sei do quê!).As pessoas que querem efetivamente dialogar conosco, trocar idéias (e não xingamentos), sabem o nosso endereço. São bem vindas.

9) Vocês estão participando de alguma associação no momento? qual? Se vocês quizerem falar sobre alguma em especial e suas finalidades, fiquem a vontade!
Então, no momento duas pessoas da banda fazem parte do Coletivo Artemísia (elisa e mayra), e uma (isabella) tem uma distribuidora de zines europeus no Brasil (isabella_csg@hotmail.com).

10) Como anda o projeto Maria Pilar da Isabella? Já está pronto? Quem participa?
Maria Pilar é um projeto muito especial para mim (Isabella), e ainda não sei quando o gravarei (nem se realmente vou fazê-lo). Por enquanto, faço uns raros shows por aí, para poucas pessoas, com divulgação pequena, e estou feliz com isso, porque o projeto tem muito a ver com isso. Quando eu sentir que ele precisa de uma divulgação maior, gravarei com certeza. Mas, por enquanto, pequenino como está, tá muito bom.

11) Gostaria de saber da Isabella, já que esteve a pouco tempo na Alemanha, como anda a cena para bandas novas por lá? Viu alguma interessante ao vivo?
Bom, o que me parece é que é bastante fácil ser uma banda nova lá e ter onde tocar, onde ensaiar, e onde gravar; tudo parece ser mais acessível. Sempre tem um estúdio comunitário, uma casa comunitária para montar reuniões, coletivos, sempre tem muitos squats onde dá para fazer shows, morar, fazer atividades, sempre tem alguém que faz guitarras, ou conserta guitarras, monta baterias com coisas velhas, conserta amps, entende de mesa de som, então você vê muito pouca dependência do punk em relação àquilo que "não é punk", por assim dizer, como nós temos aqui, que sempre em shows quem faz o som ou quem aluga a aparelhagem, ou quem vende ou conserta instrumentos, por exemplo, são pessoas que não entendem muito da proposta punk. Na verdade, a estrutura punk como um todo me pareceu mais sólida, mais ativa. Mas é uma realidade gritantemente diferente da nossa; estou falando de países de 1º mundo. É por isso que acho que, comparativamente, nossa luta é muito mais empolgante, mais "válida", por assim dizer. Temos muito mais tabus, mais violência, mais questões a discutir, mais pobreza, mais muros pra quebrar... A idéia de ser punk num país "em desenvolvimento" me empolga muito mais do que num de 1º mundo. É bem mais desafiador. Vi várias bandas muito boas, mas tem três que mais me chamaram a atenção - o Prone, que é uma banda alemã dessas muito noise-crust. A Alemanha tem uma safra muito gorda dessas bandas, mas eu nunca tinha me sentido muito tocada quanto à elas, ao som em geral, apesar do meu respeito ser igualmente grande. Mas quando eu vi como é a coisa ao vivo... Eu saí muito mudada daquele show. Outra banda que me empolgou foi o Harum-Scarum, uma banda dyke de Portland (EUA) que tava em turnê pela Europa. Elas fazem um som muito podrão, mas muito bem feito, e o show delas é incrível. Finalmente, o show mais especial foi o do Seein' Red (da Holanda). Eles falam bastante entre as músicas, muito mesmo (só que lá ninguém gritou "tocaê!!"...) e as coisas que falavam me moveram pra caramba. Senti que havia aprendido mais coisas em uma hora do que em dez anos...

12) Como anda o zine Kaostica?
O Káostica meio que morreu. Ainda distribuímos o número três, mas não estamos com planos de continuá-lo. Eu (Isabella) o fazia junto com a Elisa, mas agora nós duas temos projetos zineiros distintos. Ela faz o "Quem perdeu?" e eu tô fazendo um zine com um amigo da Holanda (portanto será em inglês), e ainda não tem nome, mas vai sair no fim de outubro. Quem estiver interessado em distribuí-lo, por favor me escreva no willie_caolho@yahoo.com.br

13) A Estela (ex-batera) curtia metal, com a entrada da Debora mudou muito coisa? O que realmente?
Isso quem deve responder é a pessoa que escuta o Girl Gathering, e depois o Self Delight, onde que tem outra baterista. Eu, particularmente, acho que o som ficou mais 'elaborado'. Mas cabe ao ouvinte dizer o que mudou no som...

14) Qual foi a sensação do primeiro show que vocês fizeram? Onde foi?
Nossa, acho que nunca perguntaram isso pra gente antes (hihi..). Bom, nosso primeiro show aconteceu quatro meses depois da banda ter se formado, foi em março de 96, junto com o No Class e o No Violence, num bar lindo chamado Victoria Pub, em São Paulo (que já fechou há alguns anos). No entanto, não posso responder esta pergunta por todas, obviamente. Mas, pessoalmente, o primeiro show do Dominatrix foi também o primeiro show de punk rock da minha vida. Tocar com duas bandas já tão conhecidas, e fechando a noite, casa cheia, foi meio chocante para a menina de 14 anos que eu era. Até hoje eu consigo sentir o cheiro da casa empoeirada, lembrar da vergonha que eu tava... Eu (Elisa) tinha 16 anos na época e como a isabella, eu nunca tinha ido num show punk antes. Foi incrível, o pessoal gostou da banda e fizemos contatos com várias pessoas interessantes..

15) O que vocês acharam do Le Tigre, banda da Kathleen Hanna?
O Le Tigre é lindo! Nós gostamos muito. Bem melhor que Julie Ruin.

16) Atualmente existe algum projeto paralelo com outra banda de alguma integrante do DOMINATRIX?
Elisa e Mayra tavam montando uma banda queer, a Débora tem o Anyone (que é maravilhoso por sinal...), e eu (Isabella) estou com um projetinho de rock meio maluco com a Jan, a Cíntia e a Nessa. Tomara que dê certo...

17) Uma vez escutei de um amigo a seguinte frase : "As garotas não resistem muito ao movimento, na maioria das vezes acabam se casando e perdem toda identidade". Vocês acreditam que isso realmente aconteça ou é outro pensamento machista?
É bastante triste de se constatar que às vezes isso acontece, sim; mas não “na maioria das vezes”. No entanto, acho que não cabe a nós julgar as razões que levam essas mulheres a cederem desta maneira. Ainda mais num país pobre como o nosso, onde casamento significa, muitas vezes, sobrevivência. E quanto às outras que deixam a luta para dar lugar ao conformismo, na verdade é bem compreensível, porque não são todas as mulheres que se sentem tocadas por coisas do tipo movimento de mulheres. Portanto, hipoteticamente falando, pode ser que alguma mulher não se sinta identificada o suficiente com a causa para continuar nela, e isso ela só vai saber uma vez que esteve dentro dela. Portanto, é natural que algumas mulheres deixem o movimento de mulheres depois de algum tempo nele – o tempo que levou para descobrir que não se identificou com ele, o que não é, de forma alguma, condenável. Estar dentro de movimentos feministas é algo muito desafiador, e existem mulheres que não querem isto para suas vidas, além de tudo. Afinal, é muito mais confortável viver letárgico e livre de riscos, do que lutando, de qualquer forma que seja.

18) Recentemente consegui uma cópia daquele show no Espírito Santo, que houve todo aquele problema,que originou no fim do show antes do previsto. Gostaria de saber o que realmente aconteceu naquela noite? Foi culpa da organização do local? Vocês voltariam a tocar lá novamente?
Eu acho que, no final das contas, o que aconteceu naquela noite foi uma espécie de choque cultural. Paramos de tocar porque achamos que o ambiente havia se tornado violento demais (mesmo que não fora essa a intenção dos presentes), o que chegou a incomodar muita gente que queria ver o show em paz, sem ter que ficar olhando pros lados e pra trás, além de termos sido machucadas (mesmo que sem querer) não apenas uma vez por causa da violência. Não concordamos com dança violenta ocupando TODO o espaço do show; achamos que ela é, muitas vezes, invasiva (afinal não é todo mundo que gosta de levar soco e pontapé em show) e anti-criativa. E naquele dia, muita gente viu o show de cima do palco pra não ser “atingido” (além das mulheres que pediam por amenização da violência, que chegavam a ser ridicularizadas por muita gente por causa disso), e isso quer dizer que não fomos nós as únicas a discordarem do que estava acontecendo. O que eu mencionei a respeito de choque cultural se resume no fato de que o que nós (e muita, muita banda daqui de São Paulo) consideramos como violência pode não ser considerado como tal pelas pessoas de Vila Velha (ou do ES, não sei bem); pode ser que eles se acostumaram com isso, e isso seja tradicionalmente “hardcore” para eles. Para nós, não é. Por isso, não há como culpar ninguém, nem mesmo os presentes que incentivavam aquele tipo de atitude para com os outros.Não, não acho que foi culpa da organização do show. Voltaríamos a tocar lá, sim.

19) Deixando o DOMINATRIX de lado por um instante, o que vocês fazem? Estudam, trabalham? O que cada uma mais gosta de fazer (tirando a banda)?
Eu (Isabella) estudo um monte de idiomas, e trabalho. Elisa é estudante de comunicação, Mayra estuda tecnologia e design de multimídia, e a Débora tá estudando pra prestar odonto. Quanto ao que cada uma de nós mais gosta de fazer, é difícil falar por todo mundo da banda. Sei lá, acho que todas nós gostamos de viajar, sair na balada, ver vários filmes (como muita gente da nossa idade), ler livros... Eu (isabella) curto muito artes gráficas em geral, e fotografia, cinema etc.

20) Como anda a cena para as bandas de garotas? Qual é o contato de vocês com as outras bandas? Cite algumas.
De uns tempos pra cá andam surgindo milhares de bandas de meninas aqui e ali, o que é realmente empolgante, maravilhoso. Isso significa que mais e mais meninas sentiram necessidade de se expressar de alguma forma, e de quebrar um monte de muros idiotas que as separavam dos canais de expressão. Chegar neste ponto, para qualquer minoria ou grupo marginalizado, é um passo e tanto contra os mecanismos opressivos, e deve ser incentivado. Temos contato com muitas dessas bandas, ora num sentido de cooperativismo, de solidariedade e de encorajamento, dividindo força, idéias... Não sei se lembrarei e todas que temos contato agora, mas posso tentar; tem o Same e o Kólica (do interior paulista), o Hitch Lizard (da baixada Santista), o TPM (de SP), o Yolk (do Rio), o Bulimia e o RTL (de Brasília), o Egzekücija (que já acabou e era de São Roque), o She’s, o One Day Kills (de SP), o Strikinina (de Baurú), o Lava (de SP), o Surface (de Londrina), o Whir (de CWB), o Sandina (do ES), tinha o Error (de BH), o Infect (de SP), o Kaos Klitoriano (de Brasília)...

21) Tem uma frase de Lênin que diz "Sem teoria revolucionária, não há movimento revolucionário", baseado nisso, você acha que muita gente entra nessa de revolução, anarquia porque é "cool" ou realmente acreditam nisso e possuem uma base teórica para tal?
Primeiro de tudo, a banda odeia facínoras como Lênin. Então, sobre anarquia a banda não pode falar pois não acredita muito nisso. Agora, sobre teoria revolucionária (ou sobre teorias em geral), achamos sim necessário que haja mais leitura e mais interesse sobre as coisas como elas realmente são. Eu (elisa) acho que a cena punk em termos de participação política está dividida em dois. Os primeiros são os que estão por um sentimento fálico de dominação e poder sobre o resto da população (esse resto chamado por estes de ”os alienados”)... você poderia dizer que esses são os modistas mas seria pouco explicativo. O segundo grupo são os intelectuais que não AGEM, só ficam teorizando, e teorizam mal ainda por cima. Existem intercessões entre esses dois grupos, e existem poucas exceções. Uma das piores parcelas da exceção são aqueles que impregnam seus discursos e ações políticas com algo religioso ou romântico do tipo “eu sou anarquista pois acredito na cooperação entre indivíduos” ou “eu odeio o capitalismo porque ele é cruel”. O capitalismo não é cruel, é estruturalmente FALHO!!! Temos que ser mais científicos, melhorar nossos argumentos! É aí que reside a necessidade de haver mais conhecimento. Uma mulher não deve se defendida por ser “frágil” (que ela não é...), e sim por o machismo ser irracional! Esse discurso romântico/religioso dá um ar de favor à luta, “eu luto contra o machismo, então você, mulher, me deve algo”.

22) Estamos perto das eleições e gostaria de saber se vocês são filiadas com algum partido, ou escolhem o candidato independente da filiação?
>>obs: esta entrevista foi realizada antes das eleições.

Não somos filiadas a nenhum partido. Anulamos o voto na maioria dos casos, a não ser quando existe a possibilidade do @#$%!!! do Maluf ganhar eleição.

23) Sobre o terceiro cd da banda, alguma novidade em primeira mão para Alternative Noise? Vocês tem intenção de tocar fora do país?
O terceiro disco poderá sair em fevereiro. Provavelmente faremos turnê pela Europa em julho de 2001.

24) Qual a sua opinião sobre:
a)clubbers x skatistas:
Apenas mais um dos fenômenos urbanos facilmente explicáveis pela lógica da virilidade e capitalismo.
b)Rock in Rio 3: Temos mesmo que opinar sobre isso? Na sociedade do espetáculo o que poderia ser um emblema de revolta juvenil vira bottom e camiseta.
c)MTV: Começou mais ou menos mas não agüentou a pressão e baixou o nível.
d)Legalização da Maconha: Somos a favor de legalizar todas as drogas
e)horário político gratuito: Mais uma ferramenta “democrática” que não funciona. Os maiores marketeiros é que elegem, e não as propostas.
f)cena independente em São Paulo: Está fortemente consolidada e diversa, mas junto com tudo isso surgem as pequenas “corporações punks”.

25) Espaço livre para falar o que vocês quiserem.
O Dominatrix tem como ideal uma cena, um espaço, onde todos leiam muito E SE TORNEM CONSCIENTES DA MÁQUINA QUE FAZEM PARTE. O Dominatrix não deseja que dêem espaço pras minorias e grupos marginalizado, desejamos que esses grupos tomem sua própria voz por suas próprias mãos, como sempre ocorreu em toda a história.

26) Deixe um recado final.
Muito obrigada pelo ótimo espaço que nos foi dado para expressarmos nossas idéias. A entrevista foi ótima, com perguntas muito bem elaboradas! Valeu, Rapha! Para contatos, escrevam para: Clorine Records caixa postal 21063 cep 04602-970 são paulo sp ou pelo e-mail activegrrrldmx@hotmail.com.

Discografia:
em breve!